O deputado federal Ruy Carneiro (Podemos) reage institivamente quando alguém menciona o fato dele demonstrar proximidade com o governo Lula, mesmo que seja por celebrar avanços numa pauta extremamente importante como a de garantir benefícios para crianças com TEA.
É que Ruy Carneiro é refém, como quase todo o Brasil, da doença da polarização, que deixa o político constrangido em mostrar que é feliz ao lado do governo Lula. Há, portanto, um patrulhamento ideológico ao qual os políticos se submetem,
E, neste caso, faz com que Ruy se apresse em dizer “xô, satanás!” quando alguém diz que ele é, na verdade, um aliado do governo do PT, quando, na verdade, deveria era mergulhar ainda mais para conquistar ainda mais retorno prático para quem mais precisa.
É claro que quem o critica neste tom também já está contaminado do vírus da polarização, pelo qual ninguém “do outro lado” é digno de um elogio, reconhecimento ou pose para fotografia. Nem que seja para uma boa causa.
Aí, o político, que se alimenta dessa percepção pública, passa a viver uma vida dupla, precisando sempre esconder o que faz de manhã ou de noite, ou o que faz em Brasília e o que faz na Paraíba.
Ora, Ruy Carneiro esteve com o presidente Lula e com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com quem gravou vídeos, na China, e construiu avanço numa pauta, sobre a qual ambos foram receptivos, que supõe a inclusão nas obrigações do SUS o fornecimento de equipamentos que são essenciais para crianças com espectro autista.
O tema, a parceria, a conquista, tudo deveria ser aplaudido de forma ampla e irrestrita. Mas o que se sobressai do caso é o papel dúbio ou a eventual “quedinha” que Ruy Carneiro tem por Lula. Coisa que Ruy se apressou a desmentir. E só faltou dizer que o que está conseguindo de benefício não é verdade.
Ou seja, o menos importante vira o fio condutor do debate. E, como disse, deixa o político cheio de dedos, no lugar de avançar ainda mais em parcerias, relações em conquistas junto ao governo federal.
Ter ou não ter uma quedinha por Lula, deveria ser o último item da ação de Ruy Carneiro neste caso.
Mas é o primeiro. E empareda o político. Que se deixa levar pela doença dos outros, e acaba dependente de uma vacina que ainda não inventaram.
Triste Brasil. Violenta doença.