Do ponto de vista social, o debate puxado pelo vereador Guga Moov Jampa (PSD) sobre a necessidade de se garantir pleno atendimento dos profissionais de saúde à população é importantíssimo. E indispensável.
Autor de projeto que prevê proibição de celulares nas unidades hospitalares e que o médico bata o ponto a cada duas horas, o vereador pode até ter exagerado na dosagem, mas não errou ao provocar o tema.
De fato, médicos e outros servidores que não cumprem seu serviço de forma satisfatória e eficiente fazem duas vítimas: a população e a própria gestão, que paga para que o sistema funcione.
Agora, do ponto de vista político, é muito curioso que ele esteja fazendo tudo isso mesmo sendo um vereador da base de Cícero Lucena (PP), com direito a ter interferido diretamente na reforma feita pelo prefeito em seu secretariado.
Porque, para defender seu projeto, Guga Moov Jampa, entusiasmado com a repercussão, tem detonado a qualidade da prestação do serviço de saúde do atual prefeito. Nem Luciano Cartaxo, nem Ruy Carneiro nem o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga – os três ex-candidatos à prefeitura de João Pessoa – conseguiram ser tão contundentes nas críticas que fizeram a gestão durante a campanha do ano passado.
Já Guguinha Jampa, no melhor estilo oposicionista, tem exposto a gestão de Cícero na saúde, falando em ausência de médicos nas Unidades Básicas de Saúde e mau atendimento nas unidades geridas pela atual administração. Faz visitas surpresas, publica vídeos nas redes. Coisa de dar inveja ao líder da oposição na Câmara.
Por contra própria, o secretário de Saúde do município, Luís Ferreira, se pronunciou na imprensa rebatendo as críticas e alegando que enquanto for secretário a proposta do vereador “aliado” não será adotada.
Mas, apesar da declaração, Luís Ferreira não teve apoio da tropa de choque da política de Cícero e o vereador continuou sua saga contra o que classifica como “o mau atendimento da saúde em João Pessoa”.
Não fosse o presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, Dinho Dowsley (PSD), falar em inconstitucionalidade da lei, estaria o vereador sem obstáculo algum na sua frente.
Se a moda pega, outros vereadores vão descobrir que bater na prefeitura ao mesmo tempo em que se beneficia politicamente dela é o melhor caminho para manter um mandato produtivo e bem avaliado.