Diz-se que Lula saiu encantando dos encontros com Hugo Motta. Certamente, além da simpatia natural do deputado paraibano, viu no futuro presidente da Câmara Federal a sinalização de que poderá contar com um conciliador na relação do Poder Executivo e do Poder Legislativo, e não um incendiário.
E Lula vai precisar muito disso porque as pautas entre um poder e o outro não são tão fáceis. Ávido por emendas, o Congresso da sinais que quer esticar a corda com o governo federal e não aliviar em pauta alguma, mesmo aquelas que ela reclama na tribuna, se as emendas não forem liberadas com regularidade e no tamanho que eles desejam.
Em 2024, parlamentares fecharam o ano com quase 50 bilhões de reais liberados em emendas e só votaram o pacote fiscal após liberação de parte final delas. Para 2025, empurraram na Lei de Diretrizes Orçamentárias dispositivo que impedia o bloqueio de emendas mesmo com queda na arrecadação.
Ou seja, os mesmos parlamentares que cobram equilíbrio fiscal do governo não querem abrir mão do seu nem em eventual momento de caos econômico. Lula vetou o dispositivo e o ano já começa em guerra. No meio, Hugo Motta, que certamente não está recebendo o apoio quase que unânime dos seus pares prometendo a ele que vai cortar as emendas e ficar do lado do Poder Executivo.
Com a habilidade peculiar, tem conseguido se equilibrar nesta corda bamba entre Congresso e Poder Executivo. Prometendo, certamente, a um e ao outro lado praticamente a mesma coisa: disposição para defende-los. A grande questão é “até quando?”
Por ora, precisará apenas sustentar esse cenário até o dia 1 de fevereiro. Após a eleição, pode escolher com mais tranquilidade a qual dos dois senhores vai preferir servir com mais atenção.
Os dois – na mesma medida- é praticamente impossível.
A fome de um não compatibiliza com a despensa do outro.