Repercutiu muito neste final de semana a entrevista que Cássio Cunha Lima deu ao jornalista Arimateia Sousa, e que foi resgatada para o presente pelo jornalista Bruno Lira. Pela sua história, Cássio ainda é um pólo de atração de atenção muito grande, e até uma entrevista revisitada chama a atenção. É porque Cássio não deixou a política por causa de um escândalo específico.
Ele deixou a política porque perdeu uma eleição e não tentou disputar as outras eleições seguintes. Aliás, descobriu uma vida nova, com retorno financeiro, sem precisar ser chamado de ladrão já que a política é extremamente atacada, e, como ele mesmo revelou na entrevista, com “finais de semana livres”.
Eu também não voltaria. Mas enquanto respirar e, inclusive, transitar no meio político, haverá sempre um “porém” e um “se” na tese da aposentadoria.
Na entrevista a Ari, recortada por Lira, repercutiu especialmente Cássio dizendo que “não tem saudade da política, só das pessoas”. Parece uma frase que o afasta da atividade. Só que não. A política é feita de pessoas. E se Cássio tem falta das pessoas é porque, no fundo, mesmo listando os fardos da atividade, também tem da política.
Principalmente porque, como se pode notar no restante da entrevista, a política, leia-se um mandato, daria para o “novo Cássio”, aquele que não quer mais política, uma capacidade de ascender ainda mais no novo ramo que se dedica atualmente que é de usar seu network político, e conhecimentos legislativos, administrativos, jurídicos e advocatícios, em favor de grupos econômicos que o contrataram a peso de ouro para defender seus direitos junto ao Congresso, ao Executivo e ao Judiciário.
Cássio foi um homem dos poderes. Tem amigos. É bom de convencimento. É um dos melhores quadros que uma empresa pode ter. Com mandato no legislativo, por exemplo, turbinaria em muito a capacidade de atuação desse “novo Cássio”.
Podendo até ampliar seus finais de semana e quantidade de carne que coloca na brasa de seus churrascos. Por isso que, me perdoem, mas eu vou continuar acreditando que Cássio tá no jogo. Isso enquanto estiver transitando em Brasília, conversando com políticos, e projetando não ser mais perguntado por isso.