Até tu, PSOL ?

É a primeira vez que o PSOL de João Pessoa se envolve numa disputa interna que vai parar na Justiça. O partido que nasceu como contraponto à ausência de democracia interna nas agremiações partidárias, seja por domínio familiar, seja por interferência externa, sempre se pautou pela unidade da construção de programas e candidaturas. Mas sucumbiu à discórdia.

Eis que a serpente penetrou no harmonioso jardim do PSOL de João Pessoa e pôs inimizade entre suas lideranças. De um lado um grupo apoiando candidatura própria de Celso Batista, escolhido, inclusive, entre três opções anteriores.  De outro, um grupo querendo aliança com PT para sustentação da candidatura a prefeito do deputado Luciano Cartaxo.

Ambas as teses legítimas. Mas a forma de chegar até uma delas é que o PSOL nunca havia experimentado. Um grupo que quer resolver tudo rapidamente, numa sala onde se cabem os integrantes do Diretório Municipal. Esse grupo defende abertamente a aliança com Cartaxo.

Perplexos, alguns outros filiados da legenda estão perguntando: “Por que tanta pressa?”. Querem uma plenária com o máximo de participantes para que se defina um caminho mais “PSOL” de decidir qual caminho tomar. E não um método, mais apropriado em legendas tradicionais, em que poucos decidem pela vontade da maioria.

O último lampejo de blindagem do PSOL em João Pessoa às tentações terrenas parece ter sido apagado. A ambição e a ganância parecem ter tomado conta da legenda. Há quem aponte interferências externas para fazer com a legenda chegue a este inédito estágio de divergência. Há quem fale em interesses pessoais acima de coletivos. E isso é bem normal nas legendas tradicionais, mas não num partido que se move como uma entidade abstrata onde a sigla e seus ideias sempre pareceram maiores do que os nomes e cpfs que compõem o partido.

Em nível nacional, o PSOL já havia dado sinais de ter sido contaminado pela política tradicional. No congresso nacional do partido realizado em outubro de 2023 os militantes foram literalmente às tapas por causa da briga pela composição dos cargos.

Uma pena. O Brasil com sua profusão de partidos políticos, que de ideologia tem muito pouco, mas de casuísmo tem muito, sempre precisou de uma reforma que acabasse com essa farra partidária, cujas legendas são empresas, muitas familiares. Algumas iniciativas como a do PSOL, da Rede e do Partido Novo, por exemplo, apontavam para uma esperança de que é possível viver no mundo, mas não render-se totalmente a ele.

O PSOL de João Pessoa acaba de perder essa virgindade. Conheceu o gosto da maçã. E agora se vê dividido entre Caim e Abel.

 

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