Alguém precisa falar sobre o método João Campos

 

Ele é o prefeito de capital melhor avaliado do Brasil. Suas postagens no instagram geram milhares de likes e comentários, atingindo um engajamento digno dos mais badalados influencers digitais do país. João Campos, prefeito de Recife. Por favor, alguém precisa falar sobre este caso. Quero dizer, “case”.

Começando pela premissa de que ele é um sucesso nas redes sociais, especialmente entre os jovens, mesmo não sendo um artista, cantor, humorista, religioso ou filósofo. Ele é prefeito. E com mais de 80% de aprovação.

Ao fazer “nevar” em Recife em pleno calor escaldante do Carnaval, furou a bolha regional e fez seu cabelo pintado, muito comum entre jovens da periferia, rodar o Brasil inteiro. Políticos de outros estados entraram na onda postando fotos com efeito de cabelo branco. E os adversários que o menino tem (ainda tem?), obviamente, quiseram arrancar os cabelos.

O fato é que João Campos, antes mesmo de nevar, já era sensação nas redes. Gera identificação. Ele dispensa apresentadores ou vozes em off para dizer o que faz. Já ouvi gente que nunca foi em Recife acompanhá-lo no Instagram porque gosta do conteúdo.

Como assim, é possível gostar de conteúdo de político ou de uma gestão de uma cidade em que você nem mora?

No caso dele, sim.

Antes dessa, a primeira pergunta a se fazer, no entanto, é: O resultado do sucesso é fruto de gestão ou desenvoltura nas redes sociais?

Ouvi algumas pessoas de Recife, empresários, jornalistas e moradores de bairros periféricos. E a resposta mais comum é: os dois.

Se assim, outra dúvida. Quem puxa quem: é a gestão que permite trabalhar bem as redes ou é a desenvoltura nas redes que vai puxando a gestão, aumentando a sensação de aprovação? Os dois idem.

Ao olhar um pouco o conteúdo do jovem prefeito percebe-se muita coisa, digamos assim, de pequeno impacto. Uma rua pavimentada ali, um corrimão de escada acolá, um muro de contenção, um empréstimo para aquisição de motocicletas, e por aí vai.

Mas a espontaneidade do prefeito de 30 anos faz tudo se transformar num investimento milionário, como se estivesse entregando a obra do século para a cidade, embora uma pesquisa mais apurada aponte para obras de mobilidade, como duas pontes e um viaduto, parques e unidades de saúde da família de porte médio.

Deve ter suas broncas e críticas, claro. Recife não é das cidades mais agradáveis para se viver. De trânsito a enchentes, de insegurança a habitações precárias, a capital pernambucana é cheia de desafios. Mas aí é que está.

A presença de João Campos nas redes tem driblado isso. Ele ri, dança, corre sozinho nas ruas filmando tudo. Admite erros. Ele, como se diz, é um produtor nato de conteúdo.

Filho do saudoso Eduardo Campos, não teve problema de carisma no DNA. Nas redes sociais, potencializa tudo o que faz. Da gestão ao carisma. Sua geração sabe que é esse o mundo em que vivemos, onde um post aumenta a realidade.

Seu case, muito comum entre políticos jovens como é o caso do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ou o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), precisa de mais respostas.

Marqueteiros precisam responder se as redes sociais são capazes de superdimensionar qualquer gestão.

Para mim, depende. Se for João Campos o seu influencer, sim.

A regra parece que é dispensar material enlatado produzido pela assessoria e meter a mão na massa. Mas nem todo político tem capacidade de fazer isso sozinho. O que leva a outra dúvida: Dá para treiná-lo?

Como eu disse, alguém precisa falar sobre o método João Campos, antes que ele vire presidente do Brasil.

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