Depois do Papa Francisco, com poucos dias de diferença, foi a vez de Pepe Mujica fechar seu ciclo terreno.
Dois ‘sulamericanos’. Ambos, cada qual no seu mister, deixaram um exemplo de desapego material muito incomum entre as grandes lideranças políticas, artísticas ou religiosas.
Não apenas que renunciaram a seus salários de Papa e de presidente. Mas porque flertavam com a pobreza. Com o prazer no mínimo. Para, a partir daí, poder defender a melhoria e o acolhimento às camadas mais necessitadas.
O ex-presidente do Uruguai, a seu turno, defendeu bandeiras que a Igreja Católica é completamente contrária. A legalização do aborto e da maconha, por exemplo, são algumas delas. Não seria Papa nunca, portanto.
Mas na questão da simplicidade, da defesa dos mais pobres e na proteção da democracia, Mujica toca na batina sacerdotal cristã.
De todas as coisas que eu li este ano, a mais interessante foi saber que uma das maiores formas de tortura que a ditadura escolheu para punir Mujica enquanto estava preso por confrontar o regime foi deixa-lo sete anos se acesso a um livro sequer. Descobriram que ele era um intelectual e cortaram o acesso. Leitor voraz, quase enlouqueceu.
Gostando ou não, sua história precisa ser lida.