Pocinhos deu a Lula cerca de 7.233 votos nas eleições de 2022, somando 66% dos votos válidos. Na terra politicamente dominada pelo presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino, apenas 33% dos eleitores votaram em Bolsonaro.
Lula, se quisesse, portanto, já teria como abrir um escritório de representação na cidade. E nomear Galdino como embaixador. Não pelo resultado passado. Mas pelo que Galdino está fazendo agora, especialmente num estado onde os aliados são escassos.
Ora, para um candidato presidencial, bom mesmo é um palanque competitivo – e querido – num estado. Na falta de uma competitividade garantida, um espaço para beber água e para falar para alguns correligionários gerando, ao menos, algumas imagens para as redes sociais já vale.
Se esse candidato for o próprio presidente Lula e o estado for no Nordeste, em hipótese alguma o presidenciável pode ficar sem palanque. Impensável, neste caso, não ter sequer um candidato ao governo ou agrupamento político defendendo-o.
Foi essa brecha que Galdino encontrou para adotar o roteiro que tem cumprido se colocando como “único candidato do governo Lula na Paraíba”. E, por ora, de fato, é.
Porque todos os demais nomes colocados na disputa não há um que tenha a disposição de fazer agora o que Galdino está fazendo. Pelo menos, por enquanto. Nem na oposição, nem no governo.
Não que Lula não tenha, na Paraíba, aliados como Veneziano Vital do Rego e João Azevedo. Mas eles são candidatos ao Senado. O papo aqui é sobre candidatura ao governo.
A despeito de estar acentuando um movimento que não é novidade para ele, uma vez que não é de hoje que Galdino defende Lula e procurar colar sua trajetória de menino pobre do interior do Nordeste que venceu na vida por esforço próprio, sem ajuda de padrinho de político, o presidente da Assembleia optou por este caminho porque é o único que o mantém vivo dentro de uma disputa na qual ele foi desprezado pelo governador João Azevedo e até pelo presidente do seu partido, o deputado Hugo Motta.
No jogo, consegue se manter vivo – e quiçá vingativo – mesmo após fazer as contas e descobrir que não cabem todos os nomes, incluindo, o seu numa chapa que está pronta para um Ribeiro, um Azevedo, um Wanderley e um Lucena.
Deseje o que esteja desejando, inclusive, ser realmente candidato ao governo de Lula, Adriano Galdino age certo. Ao menos, com a única arma que lhe sobrou.
Apesar de conquistar pelo elogio, não é uma coisa tão fácil assim.
Primeiro, Lula está pronto para apoiar todos os candidatos ao governo que anunciem apoio a ele. E isso tiraria a exclusividade de Galdino. Já vimos isso com Veneziano Vital do Rego em 2022. Segundo, para os “companheiros” locais Adriano vai precisar mais do que gritos de “Viva Lula” para sensibilizá-los. É preciso assegurar estrutura também, e isso se faz com governos e prefeituras. A Assembleia Legislativa sozinha consegue suprir tais demandas?
De toda forma, Galdino já está fazendo um bem enorme para Lula. Iniciou uma disputa que não existia até então, já que o próprio PT não tem força nem tamanho para lançar uma candidatura.
Agora, Lula já saiu do zero a zero. E, quem quiser, que corra para empatar o jogo.
A República de Pocinhos já escolheu seu presidente.
E o presidente já tem opção para escolher como governador.
Até para fazer ciúme, é tudo o que mais se precisa…