Política não é uma ciência exata. A matemática, no entanto, é. E quando avaliávamos o cenário do primeiro turno das eleições em João Pessoa já apontávamos de que, além do instrumento da reeleição, Cícero Lucena (PP) tinha em favor de si outra vantagem: os candidatos da oposição não tinham a capacidade de união num eventual segundo turno devido à polarização ideológica nacional que mantém um muro instransponível entre candidatos e, especialmente, eleitorado de um e do outro lado. Traduzindo para língua de bar, não da pra juntar cachaça com doce de leite.
Neste sentido, para Cícero, Queiroga (PL) ou Cartaxo (PT) seriam seus melhores adversários no segundo turno. E foram. Tirando ao pé da letra, pode-se notar claramente, analisando os números da Quaest divulgados neste sábado, que Cícero acabou ficando, sem precisar ter feito gestos em favor do PT, com quase que a totalidade dos votos de Cartaxo, que obteve 11% dos votos válidos no primeiro turno.
E Queiroga, de sua parte, com praticamente a totalidade dos votos de Ruy Carneiro (16%), registrando um crescimento, proporcionalmente, bem maior que o de Cícero, e, certamente, uma conversão daqueles eleitores que não acreditavam nele no primeiro turno e acabaram votando no prefeito.
Divulgada neste sábado, a Quaest trouxe Cícero com 60% e Queiroga com 40% dos votos válidos. Isso daria uns 70 mil votos de diferença. Lembrando que Cícero terminou o primeiro turno com 49% dos votos válidos. E Queiroga com 21%, o que significou 115 mil votos de diferença.
De sua parte, o grande acerto de Cícero foi conseguir se manter no lugar onde a polarização não atinge que o centrão, uma espécie de setor dos imunizados, procurando vender mais gestão do que discurso político. E conseguindo ter votos de todos os lados e preservar boa parte deles de natureza mais à direita. Assim, a polarização que afaga é a mesma que apedreja, deixando Queiroga, ao mesmo tempo, beneficiário e vítima da clareza de suas posições.
O resto deixemos para analisar após o resultado deste domingo.