O corpo emite sinais incontroláveis que servem de comunicação não verbal. A pupila dilatada diante de um susto, o suor no rosto em momentos de tensão, e a aceleração cardíaca são alguns exemplos. Por mais que desejemos esconder, eles vão aparecer, revelando algo que nós mesmos queremos esconder. O engasgo, seguido de um sorriso maroto, do deputado federal Ruy Carneiro (Podemos) quando perguntado se poderia compor com o Governo para 2026, podendo ser até indicado a vice-governador na chapa de Lucas Ribeiro (PP), também é um exemplo.
Sem querer querendo, mesmo que verbalmente diga outra coisa, Ruy deixou transparecer que este não é um tema que ele repudie integralmente. Somado ao fato de que o deputado oposicionista não tem “batido” no governo estadual, nem muito menos no vice-governador Lucas Ribeiro, a semiótica se torna ainda mais convincente. Mais claramente, sem precisar nem de linguagem não verbal, o deputado estadual Luciano Cartaxo, do PT, já revelou a mesma intenção.
Ambos disputaram em 2024 as eleições para prefeito de João Pessoa contra Cícero Lucena. E é exatamente no espaço que o prefeito da Capital deixou na base governista que cabem os fetiches de Cartaxo e de Ruy. De sua parte, Ruy corre o risco de ser impelido pelos Cunha Lima a se abraçar com seu rival. Mesmo que ainda sobre para ele a opção de “baixar a cabeça” e engolir Cícero ou se optar por construir aliança com o senador Efraim Filho (UB), cair nos braços do governo, além de uma nova alternativa política, seria a melhor forma de se vingar.
No caso de Cartaxo, nem precisa de vingança. É uma chance mesmo de voltar ao protagonismo dos debates majoritários da política paraibana.
Geograficamente, Cartaxo e Ruy se vangloriam de venderem-se como nomes de João Pessoa, colégio eleitoral que deve ser levado em conta pela estratégia governista para composição de 2026.
Claro que ambos, longe dos sonhos mais picantes, precisariam encarar realidades partidárias e outras broncas.
Mas ninguém precisa dizer que a vaga de vice Lucas é bem mais atrativa do que as demais visto que, se reeleito, ele estará impedido de um novo mandato, podendo deixar o em abril de 2030 para se candidato. O que faria seu vice “correr o risco” de virar governador sem fazer esforço.
Possibilidade suficiente para fazer alguém engasgar, mesmo sem querer, diante de um eventual convite.