Quem acompanhou o mínimo que pôde o primeiro encontro dos governadores do Nordeste versão 2023 em João Pessoa neste dia 20, seja por dentro ou mais distante, vai ter que admitir, gostando ou não dele, que o governador da Paraíba, João Azevedo, assumiu definitivamente um posto de liderança regional.
Em parte por questões de natureza circunstancial. Mais velho entre os governadores nordestinos, João Azevedo, ao lado de Fátima Bezerra do Rio Grande do Norte, tem mais tempo no governo do que todos os demais. Está no segundo mandato tendo cumprido quatro anos na gestão, enfrentando na pele as agruras da Pandemia e do tratamento nada cortês do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Um quadro completamente diferente de 2019, quando foi sentar à mesa das reuniões do Consórcio como governador recém eleito, ainda assustado com a “novidade”, ao lado de governadores reeleitos do porte de Wellington Dias, Flávio Dino, Rui Costa, Camilo Santana, Renan Filho…todos hoje, inclusive, ministros de Estado.
Por conta de ser agora o mais experiente, inclusive, foi escolhido para presidir o primeiro ano do Consórcio Nordeste.
Mas foi na prática que essa liderança se revelou para além das expectativas teóricas. Diante dos demais governadores nordestinos, boa parte, marinheiro de primeira viagem, uma figura experiente, de conhecimento técnico em obras e gestão que consolidou na prática aquilo que estava descrito em tese.
Relatos de que acompanhou as reuniões preparatórias e o encontro principal dos tais chefes de Estado revelam um João sendo questionado como professor em sala de aula, função que ele mesmo já exerceu no Instituto Federal da Paraíba, por “alunos” ávidos em aprender mais, e copiar exemplos administrativos da Paraíba.
Para quem o conhece, pouca surpresa, uma vez que, ainda na condição de Secretário de Estado no governo Ricardo Coutinho, o professor João Azevedo já participava dos encontros regionais e das audiências com ministros de Estado como o “técnico sabe tudo”, que explicava para gente graúda os detalhes sobre esta ou aquela obra.
Na condição de governador de segundo mandato, no entanto, foi a gestão de João Azevedo que deu a ele a condição de “professor” dos demais governadores. A excelência na gestão fiscal que conferiu a Paraíba o título de único estado do Nordeste com Rating A junto ao Tesouro Nacional tem feito os demais governadores perguntarem “como fazer?”.
O Governador do Piauí, Rafael Fonteles , na reunião, por exemplo, sugeriu que o nome do secretário da Fazenda da Paraíba, Marialvo Laureano, o primeiro nome confirmado por João Azevedo para o segundo mandato, fosse o presidente do Conselho Fazendário que reúne todos os secretários estaduais de Finanças do Brasil.
Programas adotados pelo governo da Paraíba também foram desejados pelos demais governadores. O governador do Sergipe, Fábio Mitidieri, anunciou, após ter feito várias perguntas a João Azevedo, que iria implantar o “Opera Paraíba” em seu estado.
Tendo sido o primeiro governador do Nordeste já recebido pelo presidente Lula, o governador paraibano sai da reunião em João Pessoa fortalecido da sua condição de condutor dos anseios da região. E isso, naturalmente, confere a ele uma dimensão de caráter nacional. Junto, inclusive, a este projeto de poder retomado pelo PT, vez que Lula não esconde o compromisso que tem em assegurar ao Nordeste uma visão privilegiada.
Se souber explorar tudo isso em benefício do Nordeste e, especialmente, da Paraíba, João Azevedo atingirá níveis de inserção política que nem seu mais otimista conselheiro poderia prever.
E, certamente, deverá dissuadi-lo por completo de qualquer intenção de aposentadoria política pós segundo mandato.