Se você está lendo esta nota, independentemente de qualquer coisa, é porque está vivo. E, se está vivo, pode dizer que está testemunhando a ascensão do jovem deputado paraibano, Hugo Motta, de 35 anos, ao topo do poder no Brasil. Um fato que, além de surpreendente, tem o elemento extraordinário de colocar a cidade Patos, no sertão da Paraíba, num patamar que ela talvez nunca pudesse imaginar na sua história.
Apesar de seu crescimento econômico e de ter sempre a representação política na Assembleia Legislativa e até no Congresso, Patos viu por décadas a Paraíba se revezando para eleger nomes de João Pessoa e Campina Grande para o governo do Estado. E, mesmo no caso de José Maranhão ou Ronaldo Cunha Lima, nascidos em outras cidades, eles se “naturalizaram” e foram abraçados pela Capital ou por Campina.
Nos últimos 40 anos, somente Antônio Mariz, de Sousa, havia quebrado essa lógica. No geral, apesar de importantes representações políticas, o sertão da Paraíba não conseguia retornar ao centro do poder político no estado. No máximo, quando se discutiu composições políticas, alguém lembrava de perguntar: “Algum nome do sertão?”
Cotado para ser aclamado como próximo presidente da Câmara dos Deputados, o segundo nome da sucessão presidencial, o patoense Hugo Motta se encaminha para atropelar trinta anos de posição marcante, mas sempre secundária do sertão paraibano na política da Paraíba e, claro, nacional.
Antes que alguém bem vivo diga que estou esquecendo que o ex-senador Efraim Morais, de Santa Luzia, assumiu a presidência da Câmara Federal e deu posse Lula em 2002, lembro que o caso não chega nem perto do que está acontecendo com Hugo. Primeiro porque Efraim Morais não foi eleito. Assumiu no lugar de Aécio Neves que se afastou para assumir o governo de Minas Gerais. Em segundo lugar, porque isso durou menos de dois meses.
Hugo Motta, não. Ele está se encaminhando para ser eleito com uma das maiores votações da eleição da Mesa Diretora na Câmara. E para ser titular do mandato de presidente da Câmara. A avalanche de anúncios de apoios que conquistou de partidos da esquerda, do centro e da direita, juntando o “injuntável”, e sem fazer barulho, é algo para ficar na história da política brasileira. Nem Eduardo Cunha, a quem atribuem boa parte do aprendizado do jovem paraibano, conseguiu tanto sucesso com tamanha discrição.
Hugo Motta tem feito tudo isso sem precisar ser polêmico, extremista, raivoso. Ou barulhento. Até mesmo sem chamar muita atenção. A pergunta mais repetida no Brasil hoje é “qual o segredo desta articulação?” Talvez por fazer com que os deputados sintam o grau do seu equilíbrio.
Enquanto ninguém consegue responder isso com clareza, ou se apresentam várias respostas para a mesma pergunta. Hugo Motta da o maio salto da carreira de um político. É como se um menino da quinta série e concluísse o ano e fosse direto para um Doutorado.
Antes disso, Hugo Motta já dava sinais de sua habilidade política, formando na Paraíba um dos mais fortes partidos, o Republicanos, dono da maior bancada federal paraibana. E, mesmo sem ser um político de circulação popular em João Pessoa e Campina Grande, estava sendo cotado para compor a chapa majoritária em 2026.
Ele queimou etapas e vai, mesmo sem querer, virar popular nos 223 municípios da Paraíba se (quando), efetivamente, suceder Artur Lira (PP-AL). Neste caso, levando o sertão da Paraíba consigo.
Teoricamente, o ganho para a região e para o estado como um todo é inegável. Fico imaginando um suplente de vereador de Patos pisando em Brasília, “encantado com a cidade e as luzes de Natal”, com o taxista perguntando “Pra onde?”. E ele respondendo: “Toca pra presidência da Câmara Federal…”