Sejamos diretos. A política da Paraíba estreou uma nova série para os interessados maratonarem. E, agora, no campo da oposição. A queda de braço entre o senador Efraim Filho (UB) e o prefeito Cícero Lucena (PP), ambos pré-candidatos ao governo em 2026, pelo o apoio do grupo Cunha Lima.
O que se sabe é que cada um dos dois, do seu jeito e com as armas que possuem, estão assediando fortemente o agrupamento político, seja com gestos, seja com ‘cantadas’, embora nenhuma delas tenha, neste momento, surtido efeito definitivo.
Efraim tem ligação mais recente, militando há mais tempo no campo das oposições, o que permite maior trânsito entre o clã. Porém sua ligação com o PL bolsonarista pode ser um entrave para quem não deseja o carimbo completo da direita.
No caso de Cícero, há distâncias – e divergências – a superar. Ele vem de mágoa antiga com os Cunha Lima, tendo recentemente sido atacado pelo grupo nas eleições municipais. Mas a seu favor tem uma significativa perspectiva de vitória.
Ganhar o apoio dos Cunha Lima para Efraim seria uma vitória em tanto. Ele sairia bem da grande João Pessoa por causa do bolsonarismo, reforçaria sua penetração em Campina Grande e teria apenas o interior para trabalhar mais fortemente. Já para Cícero, perder os Cunha Lima, seria um esvaziamento que dificultaria, ou praticamente inviabilizaria, sua caminhada – ou cavalgada – ao Palácio da Redenção. Tê-los, ao contrário, seria o casamento entre as duas maiores máquinas municipais do Estado, alçando à condição de candidato dos dois maiores colégios eleitorais.
Precisaria, claro, ajustar o discurso uma vez que sempre considerou o governo João Azevedo um dos melhores do mundo, em contraponto ao pensamento dos Cunha Lima, para quem o governo é um dos maios corruptos e incapazes da história da Paraíba. Mas isso de discurso é problema dos marqueteiros. E, na política, muitas vezes, coisa mais fácil de modular.
A grande questão é de qual a melhor decisão para a família que já esteve, por várias vezes, no comando do poder na Paraíba.
Uma decisão que tem o ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSD), outro pretenso candidato ao governo, como centro das atenções, mesmo passando ele de ator principal para condição de noiva mais disputa na oposição. E que leva em conta ainda figuras como Bruno Cunha Lima, prefeito de Campina, Romero Rodrigues, e até o ex-senador Cássio Cunha Lima. Ou seja, a disputa por uma família, um clássico das narrativas dramáticas.
Está claro que Pedro acabou sendo encurralado a decidir, mais cedo ou mais tarde por isso. A não ser que deseje ele mesmo ser o candidato e ainda convencer toda a família que o sangue deve prevalecer. Só que Pedro com todo o apoio ainda vive numa instabilidade sobre gostar ou não de política, imagine sem apoio. O que o arrasta para escolher entre os dois lados, cada qual com suas vantagens e desvantagens.
Algo que o mais sábio e experientes dos políticos teria condições de, no momento, bater o martelo sobre um desfecho perfeito. Por enquanto, o melhor mesmo é assistir episódio por episódio.