O presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino, teve hoje mais um acesso de sinceridade. Defendeu com números o argumento de que o Republicanos tem direito a duas vagas na chapa majoritária para eleições de 2026. E, da tribuna, como se achasse o texto incompleto, declarou em alto e bom som, na presença do governador João Azevedo (PSB) e do vice-governador Lucas Ribeiro (PP), que tem o sonho de ser governador da Paraíba, bradando que “ninguém pode cassar o sonho de ninguém”.
Enquanto Galdino veio com gasolina, João Azevedo, após ter ouvido tudo, veio com gelo. Falou que era legítimo as lideranças desejarem crescer. E virou a câmera para o outro lado. Aliás, as últimas semanas tem sido assim: Galdino morde e João assopra.
Mas, mesmo sem contraponto público, a tese de Galdino ficou latejando e ecoando na imprensa toda e, provavelmente, na classe política.
Baseada na lógica de números uma vez que o Republicanos, além de ter o presidente da Câmara dos Deputados, tem as maiores bancadas em Brasília e na Assembleia e ainda dezenas de prefeitos, ela se abre dois caminhos possíveis.
Ou trata-se de uma tese óbvia de sobrevivência individual do próprio Galdino que já percebeu que o todo poderoso Hugo Motta está disposto a acertar a melhor chapa para indicar alguém da família, seja o pai ou a irmã. E, em sendo assim, sem pode confrontar com o general, Galdino sugere ampliar as possibilidades do Republicanos para que ele possa caber também. Se for isso, Galdino foi óbvio.
Mas se for a voz da consciência do próprio Hugo que age sem querer dizer verdades públicas porque tem Galdino que as diga por ele próprio?
Galdino veio com essa inspiração de Brasília, após encontro com Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos.
Se for este segundo caminho, Galdino está bem perto de achar o tesouro. Uma vez que a tese que revelou hoje só tem sentido de ser e só ganhará força se for sustentada pelo próprio Hugo.
Sem a palavra dele lá de Brasília, sustentando esta tese, Galdino transforma um argumento lógica numa bandeira de exército de um homem só. Que corre o risco de ser tratado dentro do grupo como uma figura que estará sempre pronto para derrubar a mesa enquanto todos almoçam amistosamente, trocando sorrisos, mesmo que sejam apenas por conveniência da circunstância.
Antes de ser ter certeza se é uma coisa ou outra, já dá para cravar que Galdino é o único que tem agido dentro da base governista de forma aberta, clara. Mas, em política, excesso de sinceridade é tão perigoso quanto falta de trato.
E Galdino pode estar se isolando tamanha sua gana em dar vazão pública aos seus próprios sonhos.
Diferentemente dele, as demais lideranças da base governista tem sonhado em silêncio.