Vendo-se acuado pelos inquéritos da trama golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu recentemente um acordo de paz com o STF e o presidente Lula. Falava numa anistia geral em torna da pacificação do Brasil. E, especialmente, da paz para si mesmo. O problema é que seus companheiros de partido parecem não ajudarem na sustentação do discurso. Ao contrário, tem um talento enorme para produzir provas contra si, e, por tabela, contra o ex-presidente. Pois não é que conseguiram nesta quarta, 11, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal a lei do voto impresso, de autoria do deputado José Medeiros (PL-MT). Aprovaram e comemoram a vitória, ressuscitando, sem querer querendo, um tema que é considerado a origem do roteiro golpista introduzido pelo bolsonarismo no governo passado.
Aliás, é por este tema – pela produção de conteúdo contra a lisura das urnas eletrônicas – que a Polícia Federal inicia seu relatório sobre o caso. Não bastasse, então, homem explodindo bomba em frente aos poderes, grupo de fanáticos querendo assassinar ministros e eleitos, o PL de Bolsonaro ainda insiste no tema ressuscitando uma discussão que está levando o ex-presidente para o cadafalso.
E, cego pela ideologia exagerada, não vê que avançando oficialmente com este debate só reforça a tese de que não há como flexibilizar o debate sobre a anistia, uma vez que os confessores ainda não estão verdadeiramente arrependidos de suas culpas.