Não. Não. Não. Não tem nada de surpreendente na reafirmação da aliança do deputado Luciano Cartaxo (PT) com o governador João Azevedo (PSB). Depois de alguns meses sem poder desfrutar da boa convivência com o governador em razão da disputa pela prefeitura de João Pessoa, Cartaxo abandona a parceria repentina com o ex-governador Ricardo Coutinho e volta para seguir o curso natural das coisas, se pautando pelo pragmatismo da política que sempre foi sua marca.
Para a lupa da política, nada de errado com isso. Quem quiser ficar discutindo coerência exagerada na política, vai morder a língua um dia. Era para ser um ramo de posição firme. Mas numa atividade que a soma é melhor que subtração não da para ter aquela velha ideia formada sobre tudo. Até os mais seguros em posições política recorrem ao pragmatismo, vez por outra. Vide exatamente o caso de Luciano Cartaxo e o ex-governador Ricardo Coutinho.
Eles passaram anos com ataques mútuos muito fortes. E pesados. Mas, pela circunstância de 2024 deixaram tudo de lado, para estarem juntinhos trocando elogios nas eleições. Cartaxo porque queria voltar à prefeitura de verdade. Ricardo por rixa pessoal contra João Azevedo.
Passado o momento, Cartaxo volta ao estágio natural porque não tem nada que alimentar a raiva dos outros e já ta pensando em 2026. Já Ricardo Coutinho não pode (nem deve) criticar Cartaxo por isso.
Já entende que política é assim, já que ele próprio fez isso recentemente, se abraçando com o próprio Cartaxo.
Além do que é preciso refletir sobre uma posição baseada em rixas pessoais, muitas vezes, limita as possibilidades de atuação e isola o dono da raiva. Neste sentido, por exemplo, Ricardo Coutinho é ospoiação ao governador João Azevedo. Mas é uma oposição isolada. Ele nem consegue estar com a oposição formada por Efraim Filho e os Cunha Lima, não consegue estar, por razões óbvias, junto com os líderes bolsonaristas e, agora, não consegue nem reunir uma oposição dentro do PT, partido que está na base do governador.
O “casamento” de Cartaxo e Ricardo se dissolveu rapidamente, portanto. Cartaxo não absorveu a raiva de Ricardo. Nem Ricardo se inspirou no pragmatismo de Cartaxo.