O caso do pediatra Fernando Cunha Lima, acusado de pedofilia, é um roteiro sádico que nos mergulha no mais sombrio do ser humano. Sou contra condenações por antecipação. Mas sou mais contra ainda à impunidade.
Ele foi acusado inicialmente por uma família de uma paciente de nove anos. Depois, a própria sobrinha, já adulta, revelou abuso do tio quando criança. Outras famílias, que não tinham histórico de relação social, revelaram casos semelhantes de abuso.
Aí, o médico, que sempre se colocou como inocente, foge para não cumprir mandado judicial de prisão. Alguém realmente inocente, com dinheiro para bons advogados, teria realmente fugido?
Hoje, sua capacidade de escrever os capítulos sádicos de sua própria história foi interrompida pela prisão pela Polícia Civil da Paraíba, chefiada pelo delegado geral Andre Rabelo e o pelo secretário de Segurança Pública, Jean Nunes. Seu objetivo quando da fuga, que era de esfriar o caso para conseguir mais facilmente recursos judiciais como um dos tantos sorvetes que tomou enquanto esteva foragido, não funcionou. A sociedade, a imprensa, os familiares, a justiça e as polícias nunca deixaram que o assunto esfriasse.
E, enquanto ele desfrutava vida de luxo em flats, no litoral pernambucano, tomando cerveja de manhã e tomando sorvete à tarde, desafiando a tudo e a todos, a polícia trabalhava incansavelmente. O trabalho venceu o deboche, a arrogância e a monstruosidade.
E Fernando Cunha Lima, que já chegou à polícia dizendo que seria solto em “dois dias” por causa da sua saúde, será julgado junto com seu sarcasmo. Diante de uma plateia formada por uma imensa sociedade que não tolera mais que a impunidade alimente os desejos monstruosos de quem quer que seja.
Chupa, Fernando. Mesmo sabendo que na cadeia não há sorvete.