Gostem ou não dele, quase todos concordam que o prefeito Vítor Hugo vai encerrar uma gestão que vai entrar para história em Cabedelo. Não apenas por fazer com que a cidade virasse, até então, aquela página de operações policiais que levou a cidade a expor a pior face de seus representantes políticos. Mas porque adotou uma gestão ousada, moderna e com resultados visíveis. Entre eles, a exposição permanente das ações. Algo que uma das cidades mais ricas da Paraíba, tanto na economia quanto no turismo, precisava há muitas décadas.
Eficiência fiscal, amplo projeto de extensão da orla, pavimentação de ruas, fortalecimento dos eventos, entre outras ações, fizeram da gestão de Vitor Hugo uma das mais bem avaliadas da grande João Pessoa. Tanto que ele, praticamente sem adversários, reuniu uma ampla base política de apoio e elegeu seu sucessor sem dificuldades. Não cometerá erro, no entanto, quem disser que boa parte dessa boa avaliação e até do sucesso de sua gestão veio da capacidade do atual prefeito de se comunicar. De expressar os feitos da sua gestão.
Às vezes, até de forma exagerada. Muitas vezes, polêmico. Mas quem precisa chamar a atenção num mundo avassalador de tanta informação precisa, em alguns casos, pecar pelo excesso mesmo. E, neste ponto, Vitor Hugo fez mais que o dever de casa. Ele deu aula. Pois sempre marcou posição administrativa e política.
A grande incógnita na questão de Cabedelo é saber o que acontecerá após o prefeito do espetáculo dar lugar ao prefeito da discrição. Isso porque o prefeito eleito, Andre Coutinho, não gosta de dar entrevista. Não se expõe tanto quanto o seu antecessor. E remete Cabedelo ao tempo em que os prefeitos, com todo respeito à história de cada um, adotavam uma gestão de comunicação tacanha numa cidade que tem potencial de Dubai.
Fazer uma boa comunicação nunca foi novidade. Gestores no mundo todo sabem o quanto isso é importante. Especialmente em tempos de variadas plataformas. Vide João Campos, em Recife, para usar a referência mais próxima e mais destacada da atualidade.
Sugiro um bom trabalho de media trainning.
Digo sempre aos meus alunos na faculdade de Jornalismo, citando Joaquim Mattoso Câmara Júnior. O ser humano é apenas metade de si mesmo. A outra metade é sua expressão. O prefeito eleito de Cabedelo vai precisar exercitar sua outra metade. Mesmo se provar que, falando menos, pode fazer até mais. Afinal, na fábula da galinha e do pato, todo mundo sempre soube quem botou o ovo primeiro. Na política, então…