O que mais se ouvia entre bolsonaristas porta de quartel quando Alexandre de Moraes e Elon Musk entraram em rota de colisão num passado recente era a ameaça de que “agora Xandão pegou em bomba”.
Entre os mais entusiastas, a maioria recém especializada em teorias intergaláticas, a certeza de o todo poderoso homem da Tesla e do X tinha todas as ferramentas para “destruir” o ministro do STF, expondo-lhe todos os arquivos confidenciais e conteúdos comprometedores que adormeciam nas nuvens digitais.
Lembram disso ?
Iriam descobrir de apartamentos em Miami a, quem sabe, a ligação de Moraes com o crime organizado em Gotham City.
A teoria ganhou status de conteúdo jornalístico – produzida por gente, claro, acima de qualquer suspeita – quando Donaldo Trump, apoiado por Musk, venceu as eleições e chamou o bilionário para seu próprio governo. Pronto ! Agora Xandão nem MC Donalds comeria mais !
Só que a vida tem sido muito sádica com os perdidamente apaixonados por Bolsonaro. De Sérgio Moro a Pablo Marçal, sempre pregando peças.
Eis que, de repente, Musk e Trump rompem e o gigante da internet, publicamente, foi às redes sociais acusar o presidente norte-americano de envolvimento com criminoso sexual, sinalizando ter artilharia suficiente para “destruir” o ex-aliado.
E agora ninguém vai falar nada ? Elon Musk não detém os segredos do mundo digital de qualquer cidadão do planeta? Não é capaz de descobrir os gastos do cartão de crédito em lojas de bonecas infláveis de qualquer um ?
Para Moraes, Musk seria um terror. Mas para Trump, não passa de um cheirador de pó, paranóico que não sabe encontrar um documento do word num notebook ?
É comédia o que nós estamos vendo. Mas não tem graça. Gente que adoece mentalmente por causa de uma ideologia e não consegue mais separar fatos de invencionices.
E que, diante das viradas de jogo, tem, de repente, uma espécie de “surto racional”. E passam a vislumbrar que não, Musk não é tão perigoso assim.