Em média, uma sessão de terapia dura uns 50 minutos. Mais ou menos o tempo que o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, precisou para desabafar tudo o que estava sentindo desde a declaração do governador João Azevedo, na TV Arapuan, referendando o nome do vice-governador Lucas Ribeiro para sucessão em 2026.
No 60 Minutos da Arapuan FM, Galdino acabou verbalizando o sentimento de aliados que ficaram de fora do elogio de João a Lucas Ribeiro. Como não consegue segurar seus sentimentos, falou o que estava estourando o peito. Os demais – Hugo Motta, Cícero Lucena e até integrantes do PSB – preferiram, até agora, reprimir o descontentamento.
Foram 60 minutos de pancadaria verbal. Pré-candidato ao Governo, Adriano Galdino não admite que, antecipadamente, João Azevedo privilegie um ou outro nome que compõe a base. Neste ponto, tem até razão. A harmonia da base passa pela habilidade do governador seguir equilibrando o desejo de cada um para que, na hora certa, a definição aconteça.
Mas, como registrei em artigo anterior, João Azevedo também teve seu direito de desabafar apontando que sua base precisa ter coragem de encarar o óbvio, caso saia para disputar o Senado. E o óbvio é que, se sair, Lucas Ribeiro vira governador, goste-se dele ou não. João apenas registrou que gosta.
E, talvez, Galdino tenha exagerado na forma, apesar de ter alguma razão no conteúdo.
João, certamente, não gostou das palavras de Galdino. E, se o jogo é também de conquista mútua, o presidente de Assembleia, certamente, perdeu uns pontos com o governador. Mas, mesmo “sacrificando” sua relação, ajudou aos demais procurando mostrar a João que todos estão carentes de afago.
De um jeito ou de outro, o episódio dá sinais de que o grupo, ao que parece, vai tratar do tema de forma mais externa, mais exposta. Ao menos, na ótica de Galdino, não haverá construção de chapa sem discussão pública.
Enquanto isso, a oposição compra pipoca para assistir e torcer que a confusão se amplie.
