O julgamento de Bolsonaro n o STF já nasceu controverso, devido, naturalmente, à polarização que se alojou no Brasil. Independentemente do mérito – ou da racionalidade -, qualquer movimento dos ministros, portanto, sempre foi interpretado pelo viés político. Neste sentido, somente um julgamento unânime pela condenação do ex-presidente e seus correligionários daria ao Supremo Tribunal Federal a capacidade de sustentar-se institucionalmente na tese de que todos tramaram pelo golpe e mereciam ser rápida e severamente por isso. Mas havia uma Luiz Fux no meio do caminho. E a tese, apesar de passar de todo jeito, tropeçou.
Terceiro a votar, após dois votos pela condenação, Fux defendeu que o STF não é competente para julgar Bolsonaro, tendo o caso que começar na primeira instância. E ainda deixou uma frase no ar que já é lema do bolsonarismo “o STF não pode fazer juízo político”. Pronto, mesmo não tendo tratado do mérito, tá oficialmente melado o julgamento. E, antes que os esquerdistas me atirem pedras, reitero que não estou falando no mérito do processo. Estou falando em sustentação da narrativa. Mesmo que anteriormente ele já tivesse sido a favor de julgamentos no STF e não na primeira instância, a posição de Fux desta quarta,10, abala o revestimento de “legalidade” do julgamento e o que antes eram gritos de apaixonados da direita virou voto de ministro do STF.
A condenação vai passar. Não se tem dúvida da formação da maioria. Mas para permanecer acima do histerismo político o caso exigia unanimidade, no mínimo. Agora Fux…deu.