Desde que tomou posse, o presidente da Câmara Federal, Hugo Motta, tenta sustentar a tese de que seria preciso sair dos extremismos para colocar as pautas que tem impacto direto na vida do brasileiro como prioridade das discussões no Congresso.
A polarização e os interesses corporativos nunca permitiram que isso fosse adotado na prática. De um lado um mantra cansativo sobre anistia, do outro as pressões para que privilégios dos próprios parlamentares possam ser ampliados, ambos tornando Hugo Motta um alvo fácil para pancadas de todos os lados.
Eis que, finalmente, Motta encontrou uma pequena brecha para discutir Brasil de verdade, saindo das tais “pautas tóxicas” para conduzir a aprovação da Isenção do IR e, na sequência, pegar o embalo em outras matérias positivas.
Nesta quarta, antes da votação da Isenção, em entrevista à Arapuan FM, em poucos minutos, Hugo desfiou uma lista de pautas “saudáveis” para o país, que estão em andamento na Câmara Federal, embora não tenha tanta repercussão quanto as que intoxicam, demonstrando que elas existem sim.
Segundo ele, votação de oito projetos frutos do conselhos de secretários estaduais de Segurança Pública, como aumento de penas, fortalecendo o combate à criminalidade no Brasil; início da discussão do Plano Nacional de Educação; aprovação da MP Mais Especialistas, que visa reduzir filas de exames e consultas no SUS; Lei da Reciprocidade, além de projeto para garantir direitos trabalhistas para trabalhadores de plataformas digitais, a exemplo do Uber e Ifood, entre outras.
“Matérias que dialogam diretamente com a população brasileira”, resumiu o paraibano.
É muito provável que essa janela que se abriu não perdure por muito tempo. Forçando Hugo a aproveitá-la ao máximo. Entretanto, somente essa brechinha deixa claro que não é por falta de bons temas que se deve condenar a Câmara dos Deputados. No máximo, por excesso de coisa ruim.
