Negro e de origem humilde do interior de Pernambuco, o desembargador João Benedito fechou nesta segunda seu ciclo de dois anos à frente do Tribunal de Justiça da Paraíba, passando o cargo para o desembargador Fred Coutinho. Em entrevista ao Frente a Frente da TV Arapuan, nesta segunda, 3, o ex-presidente defendeu a discussão sobre a adoção de medidas por parte do Conselho Nacional de Justiça para garantir de mais negros nos tribunais do Brasil, à semelhança do que foi feito para aumentar a participação feminina nas cortes judiciárias.
“Não há uma representação do povo brasileiro nos tribunais (nem de mulheres nem de negros). Acho que caberia sim (discussão sobre cotas para negros)”, ponderou o desembargador, que ressaltou que, além da garantia das cotas, o poder público tem a obrigação de criar mecanismos de facilitação para que pessoas de todos os gêneros e raças possam chegar aos espaços que hoje são restritos.
João Benedito revelou um episódio em que participava de um encontro com todos os presidentes de tribunais de Justiça da Paraíba e falou no ouvido de um ministro do STF que ele era o único negro entre os 27 presentes. Segundo o ministro, chegou a se impactar com o registro e perguntou: “E você sai quando (da presidência), porque quando você sair, pronto, não fica nem um”.
No caso das mulheres, o CNJ decidiu que a cada indicação de juízes para os tribunais no critério de merecimento se alternasse uma lista de homens e mulheres e outra só de mulheres.