Uma vitória se faz de quantas derrotas? A partir de quantos nãos se constrói um sim? Somente quem tem coragem é capaz de encarar verdadeiramente estas perguntas. E vivê-las na prática.
Quando a advogada e professora, Maria Cristina Santiago, decidiu sair de sua discreta e confortável posição para disputar uma eleição para presidência da OAB – a primeira mulher a fazer isso – ela já tinha as respostas. Sentia que seria inicialmente ignorada, possivelmente ridicularizada e, pior, certamente atacada. Mas, mesmo assim, não fugiu das perguntas.
Pouco mais de um ano depois do resultado da eleição – da qual Cristina perdeu fazendo talvez mais história do que quem ganhou – eis que a advogada fecha o ano de 2022 com uma vitória fruto de muitos sim. Foi nomeada pelo presidente da República como nova juíza do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, escolhida de uma lista tríplice para qual foi compor após obter mais votos que os demais advogados concorrentes.
Estivesse ficado no “cantinho dela”, como alguns até sugeriram, provavelmente não teria chegado à Corte do TRE. Mas há muito que mulheres iguais a ela descobriram que o cantinho delas é qualquer lugar que desejem estar.
A nomeação de Kiu, como é conhecida, acontece dias após a posse da juíza Agamenilde Dias como nova desembargadora do Tribunal de Justiça. As duas, mesmo sem querer, ilustram a luta das mulheres em ocuparem cada vez mais espaços de destaques em ambientes que ainda são majoritariamente compostos por homens. No TJ, dos 19 desembargadores, apenas três são mulheres. No TRE da Paraíba, a desembargadora Fátima Bezerra, atual presidente, é a única mulher entre os sete julgadores.
Maria Cristina Santiago diminui esta desigualdade e assume a vaga de nova juíza do TRE demonstrando que, além de tudo, para vencer não é necessário nunca perder. E sim não desistir.
