A fala de Daniella: Quando o óbvio vira extra no teatro da política

Ultimamente na política da Paraíba, o óbvio tem ganhado status de extraordinário. E causado a maior confusão.  Primeiro foi o governador João Azevedo (PSB) que pagou o pato por ter dito que, caso saia do governo para disputar o Senado, o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) assumirá a cadeira e, “provavelmente”, será o candidato ao governo.

Ontem, foi a vez da senadora Daniella Ribeiro (PSD) provar do fenômeno. Ao dizer que é candidata à reeleição ao Senado fez parte da Paraíba tremer como se estivesse dizendo a maior das heresias. Mas não seria óbvio que Daniella Ribeiro, em pleno exercício do seu mandato, dissesse isso agora? Não fazer isso seria uma liberação prévia de todos os apoios políticos que possui, incluindo de prefeitos a liderança de bairro.

Para blindar sua fala de interpretações outras, repetiu a tese que já havia sido revelado pelo irmão, deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP), e pelo próprio filho, o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), de que “só caberá um Ribeiro na sua chapa”. O resto é completar o silogismo. Se João não sair, ela é candidata à reeleição. Se João ficar, não cabe que ela seja desde que Lucas transforme o “provavelmente” em definitivamente e vire o candidato ao governo.

Se os Ribeiro vão cumprir ou não este mantra, aí é outro debate. Mas dizer que é candidata agora não me parece um sinal de que não vai.

Além disso, é preciso perguntar se todos tem direito de dizer que são candidatos porque apenas Daniella não teria ?

Tudo bem que, como o cenário dessas discussões prévias está permeado de desconfianças – e até conspirações –, talvez tenha faltado de Daniella a necessidade de ser ainda mais detalhista na sua fala, algo como “sou candidata caso João permaneça no governo”.

Mas é que ela certamente ainda não tenha sido comunicada que na Paraíba até o óbvio precisa vir embalado com uma bula bem explicativa. Já que o vírus da desunião tem uma cepa forte.