O prefeito Cícero Lucena retomou a estratégia de manter-se inserido no universo governista, evitando classificar seu movimento como um racha, afastando de si a pecha de oposicionista e, especialmente, procurando demonstrar que tem mais capacidade, sustentada pela experiência, de tocar para frente o projeto que tem aprovação de mais de 60% da população.
Com isso, além de manter parte das parcerias Governo-PMJP, ainda consegue dialogar com votos de eleitores que aprovam o governo. Era a estratégia que estava facilmente adotando até o dia em que precisou ir ao governador João Azevedo dizer que não aceitava a chapa encabeçada pelo vice-governador Lucas Ribeiro e que iria ser candidato por conta própria.
A partir dali, houve um espaço para Lucas, além do próprio João e ainda Hugo Motta, sentir-se livre para trabalhar uma só candidatura dentro do grupo. De volta de Santiago de Compostela, não se sabe se por causa das mensagens de paz colhidas pelo caminho, Cícero reafirma apoio em João e, especialmente, a posição de que não vai fazer uma campanha de ataque ao atual modelo de gestão.
O desafio agora é do próprio governo em “afastar” Cícero completamente de si, não permitindo que ele surfe nesta onda dos avanços do Governo, colocando-o claramente na condição de candidato da oposição. A João Azevedo, inclusive. Mas como se defender de elogios? Difícil.
Ao governo, resta enfatizar a aliança do prefeito com figuras nitidamente contrárias à atual gestão, a exemplo dos Cunha Lima, que tem em Pedro Cunha Lima, candidato a governador em 2022, um expoente com artilharia pesada. De fato, será mais difícil para Cícero pactuar o discurso governista estando ao lado do grupo que há uma década é contra ao atual modelo posto de poder. Mas, para isso, precisaria que a aliança fosse concretizada. E, por ora, é só especulação, ou tratativas não oficializadas. É paquera, mas não namoro.
De toda forma, Cícero se recusa a virar oposição, embora hoje dê ao governo mais trabalho do que a própria.