Independentemente do resultado das eleições presidenciais no dia 2 de outubro (ou dia 30), há um cenário político que me parece fácil de ser previsto. O lado que perder continuará vivo, se retroalimentado como se autótrofo fosse, para embates futuros.
Primeiro que essa tendência ideológica de disputa entre direita e esquerda retomou uma escala global. É possível, por exemplo, ver um cidadão canadense de direita, que nunca esteve no Brasil, torcer pela vitória de Bolsonaro. E, de forma inversa, o inglês Roger Waters torcer pela derrota do presidente brasileiro. É um caso de dilema universal.
Esse dilema cristalizou-se também no Brasil com o resgate do voto mais claramente ideológico a partir de 2018. A disputa entre os lados assemelha-se a uma eterna final de um campeonato de futebol, onde apenas dois únicos times existem no mundo.
E esse apego seja contra ou a favor não deve se desvanecer tão rapidamente. Pode até adormecer por dias, semanas ou até meses diante da vitória do adversário, mas estará pronto para despertar e retomar o lamentável cenário que nos encontramos agora. Em suma, pessoas foram contaminadas pela disputa extremista da política. É um vírus para o qual não se tem vacina com efeito tão rápido.
Em suma, a direita será para um eventual governo Lula uma pedra no sapato. E a esquerda idem para Bolsonaro numa eventual reeleição do presidente.
Neste sentido, fazendo o recorte exclusivamente para o Brasil, vejo que a direita leva vantagem por uma questão, digamos assim, de faixa etária. É que perdendo a eleição para Lula, Bolsonaro ainda tem idade para ser ameaça para eleições futuras. A esquerda, não. Se Lula, do alto dos seus 76 anos perder esta eleição, ele provavelmente estará fora, não por falta de votos, mas por causa da idade avançada, da próxima eleição. Aí que reside o nó.
A extrema direita ainda terá o “mito” para cultuar e prepará-lo, como um guerreiro imortal, para disputas futuras. Já a esquerda, ou a antidireita, provavelmente, não terá mais Lula. Ao menos não para colocá-lo marchando à frente do exército.
Não é de hoje que o PT, para ser mais específico, não conseguiu criar algo maior que o próprio Lula. Mas é a partir dessa eleição, independentemente, do resultado, é que terá a obrigação, por questões de sobrevivência real, terá que descobrir, identificar e construir sucessores.
Passando o olho sem pensar muito, é difícil encontrar algo que valha a menção. Você tem?
Boulos, Freixos, Manuelas, Randolfes, Dinos, Fátimas, Camilos, entre outros, teriam essa capacidade?
O fato é que, derrotado ou até mesmo vitorioso, Lula tem que preparar as novas gerações, caso a esquerda pense que é fácil marchar sem a influência de um CPF.
É uma lógica previdenciária.