Será?

A corneta no quartel tocou diferente nas primeiras horas desta quarta. Havia no ar, e no olhar de cada um, uma certa névoa de apreensão. Será? A ameaça feita pela Casa Branca de que Donald Trump não hesitaria em usar todo seu poderia militar em razão do julgamento no STF contra Bolsonaro provocou o franzir de testa.

Será que as forças armadas brasileiras terão que se preparar para encarar uma das maiores potências militares do mundo?

Suspira. Melhor tomar café da manhã. E voltar à rotina da tranquilidade dos quartés, dos navios de guerra e dos hangares militares, onde a maior preocupação, por ora, é saber se vão acabar com os privilégios remuneratórios das forças armadas. Mas não dá para tirar o assunto totalmente da cabeça. Não dá para subestimar a cabeça de Trump. Ele já provou que faz aquilo que parece que não se faz.

Imagina ter que encarar os EUA no tete a tete ? Volta do nervosismo. Porque o julgamento vai dar em condenação. Independentemente de opiniões favoráveis ou contrárias. Disso ninguém duvida.

O mais intrigante é ver que há brasileiros torcendo para que isso aconteça. Imagine. Aplaudir tropas americanas em solo brasileiro marchando e dizendo “We are the Champion!”. Claro, tem muita gente chateado com as Forças Armadas brasileiras. Elas faltaram ao golpe quando mais se precisou delas.

A propósito, ou melhor, by the way, quando vejo brasileiros vibrando com a possibilidade dos Estados Unidos usarem força militar contra o Brasil e dentro do Brasil para conduzir um julgamento da suprema corte brasileira contra acusações de crimes cometidos dentro do Brasil , eu compreendo como é que milhares de europeus, alemães e de outras nacionalidades, embarcaram na estratégia Hitleriana para aplaudir o Nazismo, mesmo que isso gerasse perda da soberania de seu próprio país, fim das liberdades garantidas e domínio totalitário da Alemanha. Ora, Hitler inventou um inimigo – os judeus – e, a partir deles, disse que iria salvar o mundo, precisando claro assumir o controle do seu país.

Soa parecido com algo? Europeus aplaudindo Hilter, seja por questões antissemitas ou econômicas, enquanto ele fincava a bandeira do nazismo para além das fronterias da Alemanha. Está claro que Trump não morre pessoalmente de amores por Bolsonaro. Mas tá claro também que, por questões econômicas e políticas, seria maravilhoso poder mandar no Brasil.

Os inimigos já existem, Alexandre de Moraes e o STF. Aplausos de parte da população idem. Agora é só meter drone no ar de Brasília. E fazer o que Bolsonaro e sua trupe não conseguiram fazer em 2022. Nem muito menos o 8 de janeiro de 2023.

Isso é insano. Aplaudir isso mais absurdo ainda. Seria um golpe externo. Lembro-me de uma passagem de Salvador Alende, já no auge da crise do primeiro governo socialista chileno, quando num discurso, viu um cidadão segurando um cartaz que dizia “Este é um governo de merda, mas é meu governo”.

Penso que se há direito a golpe no Brasil que ele seja exclusivo dos brasileiros (mesmo que financiado pelos norte-americanos, não é verdade?).

Ou seja, nos deixem apenas nosso direito de fazermos nós mesmos os nossos ataques à democracia.

Para que nós mesmo respondamos e paguemos por isso, obviamente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Leia Mais

Será?

Cotado para vice de Cícero, Romero diz que tá “fechado…

Cunha Lima já estariam em ´pacífica´ disputa pela vaga de…

Não é um novo tempo. É uma nova FIEPB

Bruno Farias rebate Tibério: “Um poço de recalque, ressentido por…