É um princípio do Direito Internacional. Você deve tratar da mesma forma pela qual é tratado. É a Lei da Reciprocidade. Candidato a prefeito em Cabedelo pelo PSB contra o grupo do prefeito Vitor Hugo, o ex-deputado Ricardo Barbosa, hoje presidente do Porto, escancarou o princípio elevando-o (ou rebaixando-o) ao Código de Hamurabi.
Ao responder sobre o que espera do prefeito Cícero Lucena, que tem o apoio do PSB à reeleição em João Pessoa, e do seu filho, o deputado federal Mersinho Lucena, Barbosa adotou o olho por olho, dente por dente. “Se não me apoiar em Cabedelo eu não apoio em João Pessoa”, fulminou Barbosa.
Embora falando por si e não pelo PSB, o ex-deputado produziu o recado mais claro sobre o tema. Até então lideranças do partido, como o presidente estadual, deputado federal Gervásio Maia, e o presidente do PSB de João Pessoa, secretário de Administração, Tibério Limeira, só haviam mencionado que a legenda espera reciprocidade, mas longe de destacar rompimento.
Barbosa foi mais direto: “Se não me apoiar (em Cabedelo) vou em busca de outro candidato (em João Pessoa)!”.
Dias atrás, o governador João Azevedo havia afastado o princípio de tormenta colocando o tema para navegar em águas mais tranqüilas, revelando que uma cidade não iria comprometer a outra.
Mas não há sinais definitivos que a paz tenha atracado no cais.
Cidade politicamente estratégica, fiscalmente abastada e naturalmente privilegiada, Cabedelo elevou ainda mais a disputa pela prefeitura à série A da política paraibana em razão dessa associação com a disputa em João Pessoa.
Parece haver, além disso, um quê de incompatibilidade pessoal entre o governador João Azevedo e o prefeito Vítor Hugo.
Havendo ou não, o fato é que será difícil desassociar completamente as eleições nas duas cidades, sem causar, no mínimo, um engarrafamento na BR-230.