George Floyd não estava com Corona Vírus.
Mas, em plena pandemia, morreu dizendo algo como se estivesse.
I can´t breathe. Um mantra nos protestos que explodiram pelo mundo.
Floyd não era Pink, como David Gilmour. Era black, como milhões de negros que acumulam em todo lugar no mundo um histórico (pandêmico) de discriminação e desrespeito, inclusive nos lugares onde são maioria. Inclusive nos países que elegeram presidentes negros, all right?
Há muitas perguntas para fazer sobre este caso. Mas todas as respostas possíveis
não conseguiriam esconder um só fato: o excesso da ação policial. O desrespeito à vida humana, que importa, seja em cores ou preto e branco.
Pergunta número um: O funcionário da loja teria desconfiado de que Floyd havia passado uma nota falsa ao comprar um maço de cigarros se ele fosse um simulacro de Brady Pitt?
Pergunta número dois: Ou ele só desconfiou de que haveria em suas mãos uma nota falsa porque foi dada por Floyd, um negro?
E, neste caso, independe se Floyd realmente passou a nota falsa ou não. A pergunta é sobre a desconfiança inicial.
Se a resposta é que o funcionário já começou a desconfiar de Floyd desde o início e adotou cuidado maior porque ele era negro, , então, temos um racismo que termina com o assassinato praticado pelo policial. Mas que começou, mesmo que inconscientemente, lá na loja.
Mas se dissermos que não. Que o funcionário estaria atento à nota falsa e teria feito a denúncia indicando o possível suspeito de qualquer cor simplesmente porque não queria ficar com prejuízo para si ao fechar o caixa, então passemos à frente.
Floyd realmente passou a nota falsa? Se sim, claro que justificaria a abordagem policial. Se não, apenas pela denúncia do funcionário, também. Porém o “normal” para por aqui. A partir daí, o roteiro segue uma linha repugnante.
E as perguntas são outras.
Os policiais teriam abordado um branco suspeito de passar a nota falsa do mesmo jeito que abordaram Floyd?
Diante da resistência deste suposto branco, teriam agido da mesma forma?
Difícil responder assim. As estatísticas apontariam que a probabilidade daquela cena que mobilizou o mundo acontecer recairiam mais sobre Floyd do que sobre Brad Pitty.
Mesmo que respondermos que sim. Aconteceria a mesma coisa, estaríamos diante de uma cena que geraria revolta. Embora precisamos registrar, em favor de milhões de policiais do mundo inteiro que cumprem com respeito sua atividade, que não será nunca Não é na abordagem que a atividade policial erra. Mas na forma.
Estaríamos, como já disse, diante de uma abusiva ação policial. Algo também, infelizmente, pandêmico.
Mas Floyd era negro. E isso parece ter colocado-o no grupo de risco.
Reativando o gatilho mundial da pandemia viral que assola o mundo desde os primeiros hominídeos há milhões de anos. O da discriminação.
Seja dos mais beneficiados fisicamente contra os mais fracos, dos mais privilegiados
intelectualmente contra os racionalmente menos favorecidos , e dos mais ricos contra os
mais pobres, e, claro, na sua forma mais inexplicável, dos brancos contra os negros.
Uma pandemia discriminatória cuja vacina – o respeito – parece não ser produzida
em quantidade suficiente para curar o mundo inteiro. Até o fim do mundo.