Existem duas formas de um político ter poder. Ou ele tem um mandato ou tem perspectiva de poder. Para sobreviver no ramo, é preciso, ao menos, uma das duas coisas.
Experiente, o ex-prefeito Luciano Cartaxo sabe disso. E, sem mandato, percebeu que estava ficando sem o critério de número dois.
O silêncio, a submersão e o excesso de discrição seis meses após ter deixado a prefeitura de João Pessoa não o ajudaram muito na construção de uma perspectiva de poder.
Cartaxo passou todo este tempo vendo a banda passar pela fresta da janela. E nada ganhou além de uma decisão adversa no TCE quando suas contas de 2019, fato que pretende reverter com apreciação de recurso.
Tanto que o seu nome foi reduzido, nas rodas políticas, a uma opção de deputado estadual ou, na melhor das hipóteses, de deputado federal. Em último caso, mais recentemente, é visto até na condição de uma futura inelegibilidade.
Nunca para uma chapa majoritária. E isso não cabia na lógica de quem governo a capital da Paraíba por oito anos e tem, apesar de ter amargado a quinta colocação com Edilma na disputa pela prefeitura da Capital, um rol de realizações na maior cidade do Estado.
Certamente por isso resolveu pegar a ficha para entrar na disputa anunciando de forma mais enfática, pela primeira vez, que sua pretensão é de disputar o mandato de governador do Estado nas eleições do próximo ano.
Isso na política é fundamental. Aparentar disposição para a disputa. E, na maioria dos casos, de olho no andar de cima, como ele fez em 2012, por exemplo.
Se ele vai conseguir conjuntura jurídica, partidária e política para tanto é outra coisa. O fato é que ao pegar a ficha para jogar o coloca numa condição de um político que pode vir a ser. O que já é um patamar bem melhor do político que somente já foi.