Quando falamos semanas atrás que o prefeito Cícero Lucena não conseguiria sustentar o discurso de amor ao governador Joao Azevedo e ao atual projeto administrativo do Estado, não estávamos chutando. Apenas baseados na realidade das coisas. Especialmente se o desejo do prefeito de João Pessoa fosse – como o é – de avançar sobre a aliança com lideranças políticas oposicionistas na Paraíba, em especial os Cunha Lima.
Está claro que Pedro Cunha Lima, por exemplo, não aceita de jeito algum que se façam concessões em favor deste atual governo. Nem mudará de opinião para se ajustar ao discurso pró João que Cícero (ainda) mantém. Nem precisava perguntar, mas perguntaram, e ele respondeu: “Não contem comigo”. Os afagos, portanto, de Cícero a João Azevedo e sua gestão não cabem na poesia revolucionária e oposicionista de Pedro Cunha Lima, que chegou ao segundo turno das eleições de 2022 batendo pesado no governador.
Para se tornar vice de Cícero, como se comenta nas esquinas e no calçadão da Cardoso Vieira, Pedro não iria passar a concordar com ele “que a Paraíba vive seu melhor momento e precisa de alguém como o prefeito de João Pessoa para preservar essas conquistas e atingir novos avanços”. É Cícero que vai ter que mudar caso realmente queira avançar sobre a atração dos Cunha Lima. E, registro aqui para ficar gravado, ele vai.
Mesmo que não queira, diante das negativas de João de aceita-lo como apoiador, Cícero vai ter que escolher entre continuar sendo fiel a João ou assumir de vez sua condição de candidato oposicionista. Espaço que o senador Efraim Filho, outro pretenso candidato ao governo, adorará ocupar sozinho. Neste sentido, todas as vezes que Cícero diz que “não rompeu com o governador, mas apenas com o PP dos Ribeiros”, ele afasta os Cunha Lima de si próprio.
Assim como deputados, prefeitos e vereadores, está na hora também de Cícero fazer escolhas. E, para atrair aliados oposicionistas, tem que preferir sangue a morangos do amor.