Em meio a tantos barulhos, tem alguém na política de João Pessoa que está chamando atenção pelo silêncio. Pastor Sérgio Queiroz. Recolhido a uma existencial monastical, mantém uma postura que destoa dos demais. Todos falam muito dos outros e de si. O pastor nem de si nem dos outros.
E, curiosamente, quanto menos fala mais é falado.
Sua trajetória pessoal e profissional, aliado a um discurso inteligente e provocativo, e uma imagem de honestidade, fazem de Sérgio Queiroz um dos poucos quadros que tem capacidade de ampliar públicos para além da base conservadora bolsonarista.
Não se sabe ainda nem ao certo, no entanto, se o seu deserto, que já se arrasta por mais de 40 dias, é uma estratégia política. Ou, ao contrário, é uma resposta pouco ortodoxa de quem não é político. Ou é simplesmente o tempo para curar os cortes causados pelos espinhos da política, que, para estreantes, é tudo menos flores.
Para conquistar os mais de 233 mil votos para senador da República em sua primeira disputa sem partido grande nem apoio de peso, Sérgio viu que o jogo é bruto. Sentiu na pele o que é ser preterido em comparação aos barrabás, aos poderosos. E percebeu que, para além do romantismo, na política, é preciso dar a césar o que é de césar.
Disputar sem fechar apoios políticos significativos é difícil. Não ter partido de verdade, com tempo de televisão e fundo partidário, é impossível. Para se colocar novamente numa disputa eleitoral, junto com a fé, terá que ser mais humano. E mais humilde.
A começar por entender a necessidade de uma legenda razoavelmente estruturada. Conseguirá? E, para desfrutar de bases eleitorais diversas, o fechamento de apoios políticos com políticos. Parece óbvio, mas para alguém como o Sérgio Queiroz, que tem profunda formação cristã e aversão à politicagem, não é.
Não se pode entrar na política demonstrando que se sente superior em tudo a quem está na política. Isso afasta a classe.
Jesus sentou com pecadores de igual para igual. Não adotava uma postura arrogante entre eles. Ao contrário, com simpatia e empatia, os inspirava a mudar de vida. Para sentar com pecadores, Pastor Sérgio Queiroz deve ser líder. E não juiz.
A não ser que este prolongado retiro seja para se convencer completamente que não voltará à política, confirmando, efetivamente, que não é deste mundo.
O que seria uma omissão do homem bom.