Cícero Lucena já foi prefeito de João Pessoa. Quando deixou a gestão, inclusive, mesmo não conseguindo eleger seu sucessor, na época o jovem secretário municipal, Ruy Carneiro, hoje deputado federal, Cícero tinha uma gestão bem avaliada.
Mesmo tendo sido eleito senador da República em 2006, foram os episódios da Operação Confraria que colocaram um teto nos limites eleitorais que o tucano poderia atingir na Capital. Apesar disso, em 2012, foi ao segundo turno da disputa pela prefeitura com Luciano Cartaxo.
Mas deixou a política desde que encerrou o mandato de Senador em 2014. Brincava com todos que encontrava na rua. Maratonista, dizia “estou correndo de política”. Eis que de tanto correr deu a volta e se viu novamente com o nome mencionado para prefeito de João Pessoa.
Gostou das citações. E, certamente, mais ainda do cenário eleitoral que se desdobra para 2020, visto que, fora o nome do ex-governador Ricardo Coutinho, os demais nomes na disputa não tem, nem de longe, o mesmo “tamanho” eleitoral que o ex-governador, o ex-prefeito e ex-senador amealhou ao longo de sua vida política.
Já era um cenário que o fazia sorrir quando perguntando sobre o tema. Porém, depois de ontem, da decisão do Tribunal Regional Federal, inocentando-o por unanimidade das acusações da Operação Confraria, o ex-senador tira de si uma faca que pairava desde 2005. Primeiro, na vida pessoal, pois repõe emoções e sentimentos que foram abalados ao longo desses anos. Só isso já estaria de bom tamanho.
Mas, de sobra, a decisão retira a faca de sobre suas intenções políticas eleitorais.
Ele quebra o teto de suas possibilidades. Ganha uma espécie de Green Card para dizer que, eleitoralmente, pode chegar até onde a capacidade de conquistar votos permitir. Sejam poucos ou muitos. O fato é que passa a ter condições de ser medido por outras réguas, por outras virtudes e defeitos, que não o do fantasma da Confraria.
Claro que, numa disputa, um ou outro adversário, ou mesmo eleitor na rua, possa querer trazer o tema de volta à tona. Contudo, Cícero já terá fato, decisão judicial e consciência fortalecida para fazer o rebate de uma ou qualquer eventual acusação.
Em resumo, se estava esperando por esse sinal verde, para confirmar sua candidatura, Cícero já pode acelerar.
Dificilmente, ganhará um “presente eleitoral” melhor do que este.
A não ser que esteja esperando que o ex-governador Ricardo não seja candidato, que o prefeito Luciano Cartaxo, carente de sucessor pessoal, faça a opção por apoiar uma candidatura com potencial fora de sua base, ou que o governador João Azevedo, numa situação semelhante, veja-o com bons olhos.