João e Gervásio, dois tons de cinza no PSB?

A distância entre João Pessoa e Catolé do Rocha é de quase 400 quilômetros. Mesmo longa, ainda parece menor do que a distância entre o tom do discurso do governador João Azevedo e do deputado federal Gervásio Maia, presidente estadual do PSB, quando o assunto é manutenção da aliança com o prefeito Cícero Lucena para eleições de 2024.

A declaração do governador João Azevedo desautorizando o deputado federal Gervásio Maia a falar pelo partido sobre aliança com o prefeito Cícero Lucena nas eleições de 2024 levantou dúvidas sobre sua satisfação com o atual cenário. Mesmo dita friamente, a frase “ele fala como presidente, mas o partido tem uma Executiva” já seria passível de análise. Mas o tom de irritabilidade adotado por João para proferi-la alimentou ainda mais as especulações.

É certo que o governador já não agüenta mais repetir a tese de manutenção da aliança com Cícero, um tema que não sai da pauta em razão exatamente pela distância do que ele diz do que pregar outros socialistas, em especial Gervásio Maia, que defende claramente discussão sobre lançamento de candidatura própria.

Tudo seria muito compreensível, e até estrategicamente uma jogada política combinada entre os dois líderes do PSB, um para dizer que sim e outro para dizer que não a fim de valorizar a importância da legenda para 2024 e, consequentemente, aumentar a cotação do partido, se não fosse um descompasso real.

O problema é que parece que o arroubo de Gervásio parece muito mais uma defesa de seus projetos políticos pessoais do que necessariamente um movimento de grupo. Não que Gervásio não estivesse certo na lógica caso seu movimento se baseasse exclusivamente na leitura de o PSB é a única legenda que não vislumbra projetos de expansão de poder nas próximas eleições. Ao contrário, pelo cenário que se coloca, tem um agenda é de reduzir seu tamanho.

O problema é que são muitas as reclamações vindas de vários municípios da Paraíba de que o parlamentar socialista tem desenhado a legenda de uma forma em que toda a água desemboque no seu próprio oceano de votos na reeleição para deputado federal. A maioria, inclusive, eleitora do governador, que tem, por meio de secretários de Estado, se queixado de verem o partido nas mãos de adversários.

Se isso tiver o mínimo de veracidade, a equação não consegue se encaixar em João Pessoa, visto que na capital o prefeito tem um filho deputado federal, e não estará disposto a deixar que Gervasinho ocupe o lugar do seu rebento como protagonista dos votos que puder conquistar na capital.
Ao que parece, João e seus secretários, alguns deles também anteriormente adeptos da candidatura própria, já começam a considerar melhor a manutenção da aliança. E, no máximo, exista uma discussão sobre o nome a ser indicado para vice.

Gervásio Maia, no entanto, falando, firme e forte, num tom diferente. Algo mais individual. E isto tem estimulado, provavelmente, João a preparar uma legenda como estepe, a fim de que não precise mais ouvir diferenças dentro da que está. E deveria conduzir.

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