Quem já está achando difícil de entender – ou explicar – o processo de afastamento entre o governador João Azevedo e o ex-governador Ricardo Coutinho, exposto após a deflagração da disputa interna pela presidência do PSB da Paraíba, vai ter mais um motivo para embaralhar o raciocínio.
O governador João Azevedo sinaliza que deixará o PSB por inteiro para o ex-governador Ricardo Coutinho, mas não desocupará o campo da esquerda na Paraíba. Na sua estratégia, aparecem os sinais de que João não deixará Ricardo reinando sozinho no campo progressista, para se jogar nos braços – ou nas garras – da direita.
Ele aponta para a profecia anunciada na semana passada por um interlocutor socialista ao Partido dos Trabalhadores. João deixará o PSB, mas se filiará ao um partido de Centro à Esquerda. Não por menos, o governador posou para foto em Brasília com o senador Randolfe Rodrigues, do REDE-AP, e já tem agenda marcada na Paraíba, além do Rede, com dirigentes do PDT, PT, PMN e PC do B. Tudo na próxima segunda.
Conhecendo estas legendas como conhecemos, não fica difícil imaginar que, por mais “radicais” que sejam, ninguém gosta de fazer política longe do governo. E tendo um de portas e cargos abertos fica mais fácil de ignorar a revolução dos descamisados.
A ideia do governador, ao que parece, é isolar um possível “PSB sem João”, obrigando a legenda, sob comando exclusivo de Ricardo, a flertar com partidos mais à direita caso deseje ampliar bases.
Com o movimento, João procura derrubar ainda a tese de ter “desvirtuado” o projeto, iniciado no início do século 21 sob a bandeira progressista e menos conservadora. Ou seja, ela não vai trocar de lado. Vai trocar de partido. Mas parece que não deixará vácuos.
Claro que, além de ter o emblema de uma legenda de centro esquerda, é preciso construir conexões com bases sociais e, especialmente, bandeiras mais populares. E, para isso, é preciso cumprir uma agenda e uma pauta que Ricardo transita com natural desenvoltura.
De toda forma, partidariamente falando, João sinaliza que estaria disposto a confronto o seu futuro ex-PSB no mesmo campo.
Só que com um governo inteiro nas mãos.