Na gramática do presidente do Republicanos da Paraíba, Hugo Motta, política é sinônimo de construção. Mas, às vezes, é preciso traduzir isso para o bom português, caso contrário o texto perde a clareza e dá mote para todo tipo de especulação.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com as reuniões deste final de semana entre o presidente da Câmara Federal com vereadores do partido em João Pessoa e deputados estaduais do Republicanos. Cada um saiu com a sintaxe que lhe agradava, gerando uma verdadeira torre de babel e insinuações de todos os gêneros.
Por isso que a fala de Hugo Motta, sem intermediários, ao Arapuan Verdade, da Arapuan FM, nesta segunda, foi extremamente necessária para compreensão do fato, já que se sabe que quanto menos informações sobre um fato mais especulativo ele tende a ser.
De forma clara, portanto, Hugo disse exatamente o que aconteceu e não deixou dúvidas para que, em seu nome, se construam leituras a partir de silogismos insustentáveis. Ele reafirmou que apresentou aos seus filiados – vereadores e deputados – a tese de aliança com João Azevedo e, por tabela, a aposta na chapa Lucas-Nabor-João. E, sem forçar a barra, já que PSB e PP ainda também precisam avanaçar neste sentido, abriu a temporada para que vereadores e deputados possam diretamente com os personagens em questão, leia-se o governador João Azevedo e o vice-governador Lucas Ribeiro, reafirmar esse encaminhamento.
Simples assim. Mas nem isso ficou claro pós a divulgação dos encontros.
E olhe que a lógica apontada por Hugo está certa. Lucas e João recebem as indicações de apoio, que são meio caminho andado para oficializá-las, mas é preciso que se movimentem neste sentido. O mesmo deve acontecer com Nabor Wanderley, que também é indicado pelo PSB e pelo PP para voto ao Senado, mas que deve olhar no olho de cada aliado para fechar o tal “vamos juntos”.
Na entrevista, Hugo também respondeu de forma clara que não há possibilidade do Republicanos apoiar o prefeito Cícero Lucena. Esse, aliás, foi o maior buraco informacional das reuniões. Não foi dito ou não ficou claro em lugar algum esta afirmativa dada hoje pelo próprio presidente do Republicanos. Tanto que deu mote para que aliados de Cícero alimentassem a tese de aliança. Ou ao menos fortalecessem a tese de cenário misturado.
É obvio que qualquer conglomerado é difícil fechar 100%, tendo sempre uma ou outra liderança inerna divergente.
Mas Hugo foi claro ao dizer que não tem essa chance de apoio oficial do Republicanos porque Cícero resolveu deixar o grupo e se juntar com os adversários da base governista.
Fala esclarecedora que faltou no sábado e no domingo. E que, a partir dela, as especulações só tem razão de existir por pura estratégia política, uma vez que já perdem força diante da tese de que é possível ter opiniões próprias. Mas fatos próprios, não.