Nomeado nesta sexta-feira como secretário-geral do Ministério Público da União pelo procurador geral da República, Augusto Aras, o paraibano Eitel Santiago, subprocurador da República, foi tratado pela imprensa como “candidato apoiador de Bolsonaro”.
Inquestionável informação.
De fato, Eitel Santiago, que foi candidato a deputado federal nas eleições de 2018, revelou sim publicamente apoio e voto no então candidato a presidente, Jair Bolsonaro. Assim como tantos e tantos outros membros do Poder Judiciário no Brasil como um todo, exercendo seu direito democrático de escolher um presidente. E de defende-lo como eleitor em período eleitoral.
Em suas redes sociais, resgatadas pela imprensa nacional, material farto em favor de Bolsonaro. E algo mais em defesa do Golpe Militar de 64, inclusive.
Até aí nada de anormal. Não fosse pelo cargo estratégico que vai ocupar ao lado de um procurador geral que teve o nomeação questionada desde o início em razão de estar fora da Lista Tríplice encaminhada ao Planalto pelo Ministério Público Federal. Sendo Aras, portanto, um nome do bolso de Jair.
Sem entrar no mérito, fica fácil imaginar que Eitel será sempre usado como argumento na narrativa dos oposicionistas de que Aras atende ao presidente todas as vezes que for preciso. Todo passo de Aras, milimetricamente vigiado, será analisado a partir do “nomeou um Bolsonarista declarado como secretário-geral”.
O que será uma injustiça porque, mesmo que se suspeite da escolha de Bolsonaro por Aras, é preciso dizer que a escolha de Eitel por Aras guarda outros requisitos.
Mas a narrativa contrária será fácil e barata de se reproduzir. Visto que em tempos de guerra qualquer coisa que se mova vira alvo.
Para a Paraíba, não deixa de ser motivo de prestígio. Lembrando que, além de Eitel na Secretaria Geral do MPU, outro paraibano está ocupando um cargo de relevância nacional em se tratando de Ministério Público Federal. O procurador Fábio George, que foi contrário à nomeação de Aras, é o atual presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República.