Tem amistoso que é mais emocionante que jogo oficial. A (pré) disputa dos deputados federais Efraim Filho (DEM) e Aguinaldo Ribeiro (Progressista) pela vaga de candidato ao Senado na chapa do governador João Azevedo é um desses casos.
É hoje o “moído” político que mais tem rendido. Algo interessante porque trata-se de uma disputa que nem pode ser considerada oficial visto que o próprio Aguinaldo Ribeiro não fala tão claramente nem se é realmente candidato ao Senado nem se apoiará a reeleição de João.
Mas nos bastidores sabe-se que ela existe. Tendo cada um dos dois seus acertos e suas dificuldades para conquistar os seus desejos.
Efraim Filho acertou na largada. Ao se colocar como o “primeiro” (e único) aliado da base de João Azevedo com desejo de disputar o Senado e, principalmente, agregar a essa pretensão anúncio de apoios, Efraim já conseguiu atingir um objetivo: pegar a ficha de uma das vagas. Agora, qualquer discussão sobre o tema, tem que partir de um processo de exclusão. Ou seja, para colocar alguém no lugar dele, João terá que “tirar” o lugar de Efraim. E isso já é um grande avanço. Porque, ao que se saiba, não havia essa garantia para o deputado do Democrata quando ele apoiou a eleição de João em 2018.
Com o pioneirismo, Efraim virou o “dono” da vaga sem realmente sê-lo. Tanto que para conter o avanço, o governador João Azevedo teve que dizer que não é hora de fechar chapa. Não adiantou. Efraim já andou um bom início de estrada. E, em pouco tempo, se assim continuar, não terá sequer como voltar.
Recentemente, cometeu um pequeno pecadilho. Diante de uma possibilidade de poder ser indicado a vice – vaga não desprezível visto que, em caso de reeleição, João Azevedo poderia deixar o governo para disputar o Senado, e seu sucessor direito assumiria o Governo do Estado com direito à reeleição -, Efraim Filho refutou com raiva.
No lugar de tirar proveito da situação, e alegar que a vaga de vice para ele seria “uma honra, mas que prefere a de Senador”, correu para acusar tramas e conspirações, insinuação que pôde respingar, inclusive, dentro dos próprios articuladores governamentais.
Se tivesse agido com mais agudeza e perspicácia, teria reafirmado uma outra mensagem direta: se estão pensando em Efraim para Senado ou para vice, é porque já partem da perspectiva de que Efraim não pode ficar de fora da chapa. Repito, uma conquista para ele, porque não havia essa combinação prévia.
Mas já que Efraim Filho refutou raivosamente a vice o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, ou a esposa do senador Veneziano Vital do Rego, a secretária de Estado, Ana Cláudia, já podem respirar aliviados.
Já Aguinaldo, mais frio, age com menos impulso. Mas não menos inteligentemente. Sem compromisso com ninguém e com nada, além de si próprio e de sua família, passeia entre a oposição (com o grupo de Campina Grande), e João Azevedo (a partir de Cícero Lucena em João Pessoa) e ainda Daniella Ribeiro, a irmão senadora que quer ser governadora e pode atropelar os planos do irmão.
Valoriza seu passe para, la na frente, ver qual melhor mercado para colocá-lo em disputa. Sabe que perde no critério de lealdade em relação a Efraim Filho que acompanha o projeto de João há anos. Mas joga exatamente com isso para dizer que sua eventual candidatura na chapa de João significa ampliação da base do governo, e não apenas manutenção do que já se tem.
O problema de Aguinaldo está em Daniella, que toda vez que se insinua governador, retarda o avanço do irmão no terreno para uma candidatura ao Senado, deixando, naturalmente, suas bases um tanto quanto confusas.
Aguinaldo parece, no entanto, querer ganhar tempo mesmo. E vai jogando friamente diante de um Efraim mais visceral.
Só tem um ponto que pode ser um obstáculo para os dois. O cenário nacional. Até onde a polarização Bolsonaro versus Lula vai interferir na composição da chapa de João? Difícil dizer agora.
O fato é que, por ora, Efraim e Aguinaldo estão protagonizando a mais emocionante disputa para 2022. Algo que só tende a esquentar ainda mais.