Esqueça todo o esforço que você, porventura, tenha feito desde de março para ficar em casa.
De acordo com o decreto publicado neste sábado, 30, pelo Governo do Estado e prefeituras da Grande João Pessoa, caso você seja morador da região metropolitana da capital, tudo vai começar mesmo exatamente agora. Quer dizer, nesta segunda, dia 1, se estendendo (originalmente) até o dia 14.
Reveja, portanto, todas aquelas dicas de como curtir uma boa quarentena quando começou a história do Corona Vírus, porque ao que parece, na Grande João Pessoa, de nada valeram os quase três meses passados de “isolamento social” e comércio fechado. Os números só subiram e as autoridades, diante do medo do colapso, apelaram para o tal “lockdown”.
Longe das discussões semânticas, cada qual usando a palavra que deseja, estamos diante do “dever especial de permanência domiciliar”. Uma expressão bonita para apontar um modelo que, se for cumprido à risca, apresentou-se tanto ou mais rigoroso do que o adotado em alguns países da Europa, onde havia permissão expressa, por exemplo, de uma hora por dia de exercício físico individual.
E não adiantou o decreto apontando a criação de uma comissão para elaborar um plano de reabertura gradual a partir do dia 15.
A população, especialmente a que tem cumprido o isolamento e se prejudicado economicamente com ele nestes últimos 75 dias, claro, sente um desejo de revolta em erupção dentro de si. E aquela parcela que, desde o começo, sempre considerou um erro o fechamento das atividades econômicas, está soltando fogo pelas ventas.
Todas com razão. Porque, apesar de quase três meses das tais “medidas restritivas”, os números de casos só aumentaram.
E as autoridades públicas na Paraíba neste tempo todo nunca tiraram do discurso a informação de que “as coisas vão ficar pior”, sejam no número de casos, seja na falta de estrutura de atendimento hospitalar. O resultado? revolta.
Como já dissemos no artigo anterior “No caminho do meio”, não houve radicalização logo no início quando os níveis de paciência da população ainda eram controlados e quando as empresas, com apenas um mês de fechamento, não iriam quebrar, apesar de amargarem um ou outro prejuízo.
E, quando havia radicalização no papel, não houve fiscalização e obrigatoriedade de cumprimento na prática. Ficamos este tempo todo patinando entre o “isso não pode” e no “números de casos de Covid crescem na Paraíba”.
Em razão disso, dois são os desafios que se desdobram diante destes “novos” 14 dias de isolamento social na região mais populosa da Paraíba.
O primeiro deles é o cumprimento. Haverá realmente por parte dos poderes públicos a capacidade de impôr as regras descritas no decreto deste sábado, e os dissabores que delas serão oriundos?
É preciso ter a consciência de que haverá indisposição forte por parte da população. E, se apertarem, não serão poucos os casos de confronto por “especial desobediência civil”.
O segundo e principal desafio reside no resultado da tão atacada decisão. Serão os 14 dias mais decisivos da pandemia do Covid na Paraíba. Vão salvar a pele dos responsáveis pelas medidas que estão na berlinda ou podem atestar o nível de incapacidade de lidar com o Corona Vírus, justificando a revolta que se levanta no presente.
Em poucas palavras, os números tem que baixar! Baixar de verdade. Não por falta de teste na população. Ou por alguma estratégia de escondê-los. Mas apontar para freio e redução real da contaminação. Caso isso não aconteça, não haverá decreto que segure a aglomeração da impopularidade do governo e das prefeituras no consciente coletivo.
Com reações muito mais enérgicas do que as que foram vistas até agora. A partir de segunda, contagem regressiva iniciada.
14,13,12…