Depois da adesão de Adriano Galdino a Lucas Ribeiro para governador, o anúncio do ex-prefeito Zé Aldemir e da atual prefeita de Cajazeiras, Corrinha Delfino, à candidatura de João Azevedo ao Senado é o movimento mais surpreendente para a base governista no mês de novembro. No caso do presidente da Assembleia porque havia flertado com a oposição. No caso de Zé Aldemir porque era ele próprio a própria oposição. E brabo.
A pacificação, portanto, entre o grupo que comanda a prefeitura de Cajazeiras com o governador João Azevedo parecia algo improvável, impossível até dada as circunstâncias do mapa político local. Mais fácil, ja disse alguém, seria o fim da guerra Rússia e Ucrânia. Eis que numa tarde de domingo Zé Aldemir, junto com Aguinaldo Ribeiro, aparece ao lado de João Azevedo, fechando apoio para o Senado, e completando o voto na chapa inteira da base governista.
Bug na cabeça dos analistas políticos que sabem como os confrontos locais de Cajazeiras geram a criação de dois grupos que tem dificuldade de sobreviver no mesmo palanque estadual. E que acompanharam todo o cenário de guerra entre o governo e Zé Aldemir nas eleições de 2024, quando o PSB insistiu numa candidatura oposicionista, leia-se o deputado Chico Mendes, contra o grupo do então prefeito de Cajazeiras.
Apesar de tudo isso, é fato. Aconteceu. E o governador deve ter gostado mais do que o normal porque aparece com um leve sorriso na foto ao lado do ex-prefeito e também da atual prefeita. Coisa difícil de se registrar, diga-se de passagem.
Além de movimentar o tabuleiro político na Paraíba, esse ato do ex-prefeito Zé Aldemir guarda consigo várias simbologias. A da atuação dos Ribeiro no campo político é a principal delas. O passo de Zé Aldemir em favor de João parece muito mais fruto do cenário que se desdobra a partir de abril, com a posse Lucas Ribeiro como governador, do que propriamente de reflexos do governo de agora. Aliás, ao que parece, se fosse deixar esse tema nas mão do governador, não haveria avanço em razão das brigas paroquiais. Ou seja, um sinal de que a pancada do bombo tocará em outra sintonia a partir de então.
Isso carrega ainda a perspectiva de que essa nova conjuntura a partir de abril não será apenas provisória, algo de um governo tampão. A classe política, mais do que ninguém, sente o cheiro da validade dos mandatos.
Outra simbologia é a dos sinais dados de que a base lutará por unidade de voto na chapa governista, indo até o limite para garantir onde será possível fechar o apoio em todos os candidatos. A antecipação da resolução de problemas como o de Cajazeiras, dando a João uma segurança para deixar o governo e sustentar sua candidatura, e afastando a tese de que ele será abandonado a partir de abril, também perpassa o movimento deste domingo.
Se política é coisa séria, vê-se que não tem ninguém brincando nessa disputa.