Ato Penitencial Nº 5

De uma coisa valeu a ameaçadora declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) sobre a volta do terrível AI 5 e seus monstros congêneres. A reação no Brasil foi imediata, majoritária e até com sinais de pluralidade, unindo esquerda e direita, mesmo que alguns tenham apenas escondido sentimentos íntimos para ficar bem com a opinião pública.

O fato é que houve reação, com dimensão maior que a própria frase dita numa condicional pelo filho do presidente. Não desprezemos, obviamente, que uma frase dessa dita pelo clã Bolsonaro tem fé e força de ofício visto que ela apenas embala uma narrativa passada de defesa da ditadura e, por tabela, da tortura e seus “heróis”.

Contudo, a reação proporcionalmente maior foi importante para que esse “tipo” de assunto não queira manter-se vivo ou como ameaça a tudo aquilo que ameace o Estado Democrático de Direito. Foi bom para a família Bolsonaro entender que coisas do gênero geram uma reação imediata negativa por parte de vários setores e que é melhor deixar esse tema guardado apenas na gaveta de seus instintos mais primitivos.

O próprio presidente rechaçou de pronto a declaração do filho, antes mesmo de querer saber qual dos três tinha sido o autor e qual o contexto da fala. O autor, num ato penitencial, veio a público para se desculpar, considerar sua fala “infeliz” e desdizer qualquer intenção ou possibilidade de acontecer.

Não é a primeira vez que a família Bolsonaro diz ou faz algo que, após as reações negativas, reconhecem o tamanho do deslize, e tentam desdizer ou se desculpar. Da diminuição dos “paraíba” do Nordeste ao vídeo da “hiena” do STF, das contradições do caso Queiroz às ofensas à mulher do presidente francês, estão sempre com farto material para se penitenciar.

E, no caso específico do AI 5, importante o expurgo nacional imediato.

Post Scriptium: Em tempo, considero exagero o debate sobre cassação do deputado Bolsonaro por causa da declaração. Ele foi eleito democraticamente e, por mais que deseje intimamente, não está numa campanha frequente e regular para a volta da ditadura. A reação da opinião pública já valeu para aniquilar uma frase dita na condicional. Não se pode matar o debate do AI-5 com medidas estilo AI-5.

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